O final do livro promove a discussão da avaliação dos resultados conquistados, as recompensas para o corpo vivo da empresa e a necessidade de permanecer a chama acesa dos objetivos da empresa, promovendo novos desafios e sempre reinventando sua forma, sua essência e a própria organização.
O Capítulo 10 trata da importância da avaliação dos resultados em função de suas estratégias. A SAS sempre avaliava seu desempenho pelo volume de frete ou pela maneira como eram preenchidas a chamada “barriga” da aeronave, não se avaliava a precisão e qualidade na entrega das encomendas, o que na visão do cliente, seria o principal elemento, pois seria a razão da existência da organização, assim cometiam o pior pecado de uma empresa de serviços, prometer um serviço e avaliar outro. Voltando um pouco atrás e lembrando do pressuposto que todos os níveis hierárquicos devem compreender a meta e a melhor forma de atingí-la, ressalta-se ainda a mais a importância de um sistema de reavaliação comprometido em dar feedbacks comprometido com as estratégias da organização, suas decisões e compatível com os objetivos da empresa. Este sistema pode ser conseguido de diversas maneiras e as informações oriundas dos elementos que compõe a cadeia: cliente, fornecedor, baixo escalão, vendas. O estabelecimento de objetivos claros e a constante avaliação dos processos e resultados, nos remete à importância da comunicação no processo de gestão.
Outra forma de feedback adotada pela SAS, foi a publicação dos resultados e comparação entre os seus terminais de carga, com direito a premiação para aqueles que alcançassem suas metas. A impressão final era que a empresa estava evoluindo com aumento da carga de trabalho, porém o que realmente aconteceu foi a correta identificação de problemas, antes não visualizados e expostos e o trabalho efetivamente focado no resultado. O progresso corporativo deve-se primordialmente à conscientização do pessoal a respeito do que é importante para a empresa.
Seguindo o pensamento do autor, o reconhecimento é importante como fator de motivação profissional. Uma boa remuneração é excelente e sempre bem vista, mas diversas são as formas de se reconhecer o desempenho da equipe. A recompensa pode ser simples, como um elogio, e promover o encanto que move as pessoas em prol de um objetivo, externar a gratidão é um bom exemplo que pode e deve ser seguido, festas e comemorações com a equipe também é uma forma de recompensar os resultados alcançados e reforça a sensação das pessoas fazerem parte de uma equipe. Por isso que a recompensa pode ser individual, mas deve também ser adotada em conjunto.
Infelizmente, é comum voltar as atenções para os erros cometidos, isso é desastroso. Toda pessoa tem necessidade de sentir que sua contribuição é percebida pelo todo, isso melhora a auto-estima. Uma palavra de merecidos elogios pode produzir ótimos resultados quando efetivamente justificados.
Para terminar, Carlzon evidencia o risco de nos tornarmos prisioneiros de nosso próprio sucesso, isso acontece quando se atinge o resultado esperado e não se vislumbra outra estratégia, em outras palavras a falta de novos objetivos pode causar resultados negativos e os interesses individuais podem se conflitar. Definir objetivos de longo prazo, reafirmar os compromissos da companhia e dos empregados e adaptar-se às constantes mudanças, moldando as estratégias, torna-se indispensável ao sucesso no mundo corporativo, isso é a “Segunda Onda”. As pessoas precisam de novos objetivos e novas estratégias para se motivar, mas devemos tomar cuidado para não gerar uma necessidade de constante concessão para sua satisfação pessoal, isso pode inverter o papel entre as obrigações do colaborador com a empresa e desta para com este. Não se distanciando os objetivos comuns com os da organização, criando uma consciência da necessidade de que a produção de resultados levará sim a conversão de benefícios para a equipe, formando um círculo virtuoso em função da constante redescoberta do negócio. Daí a necessidade de se re-ratificar objetivos, moldando-os à realidade da corporação e do seu mercado de atuação.
Matéria: Em Busca do Capitalismo Criativo
Revista: Época Negócios Ano2 Edição 20 Outubro/2008 pág. 70-90
Por: Cynthia Rosenburg e Aline Ribeiro Ilustrações: MYS
RESUMO
A matéria inicia-se com a clara intenção de desmistificar o chamado Capitalismo Criativo, explicando o que o grande gênio da informática está buscando com este chamado as empresas, seus efeitos, discussões e debates, afinal o ganho será mesmo lucro e reputação?
A reportagem porém não se restringe apenas as idéias de Gates, ela se remete a 2002, a Prahalad e Hart e ao livro “Riqueza na Base da Pirâmide” e as reflexões daqueles que promoveram o BOP, que revolucionou o mercado e a forma com que as empresas despertaram para o mundo de pessoas que estavam a margem do consumo e as questões relevantes de seus efeitos e o BOP 2.0, novamente uma segunda onda. Apresenta também as idéias inovadoras de Yunus, Nobel da Paz em 2006 e suas empresas sociais, onde os acionistas apenas recuperam seus investimentos e o custo do capital, e sua experiência com a parceria da Danone em Bangladesh, e os exemplos de negócios inclusivos desenvolvidos em nosso país citando os exemplos da Masisa e sua associação ao projeto de marcenaria-escola de Ponta Grossa, a Amanco e Doutores da Construção, agregando conhecimento, interação cliente-matéria-prima-profissional e o projeto A Casa é Sua da Ashoka, que busca a criação de cadeias híbridas de valor no setor da construção civil, aliando profissionalismo ao sonho da casa própria.
ANÁLISE CRÍTICA
A matéria é muita rica e cabe intensa discussão sobre o papel das organizações no desenvolvimento econômico e social das nações e no combate a desigualdade social. Carlzon no seu livro ilustra através da sua experiência vitoriosa na construção de uma nova empresa, com visão destacada no cliente, promoção de inovações técnicas e sociais, e constatando ao final que o poder de se inventar sempre é o grande processo transformador que nos move e nos motiva para os objetivos que buscamos e que contribui para geração de riqueza. Fazendo um paralelo, atualmente as organizações se vem na obrigação de olhar para aqueles que estão na base da pirâmide como elemento capaz de agregar valor, riqueza e transformação para empresa e sociedade e para si mesmo, a necessidade de inclusão torna imediata a mudança de rumo no planejamento estratégico das empresas, vide o exemplo do Banco do Brasil de envidar esforços no sentido de alcançar sucesso no projeto de Desenvolvimento Regional Sustentável e no Arranjo Produtivo Local.